Surgimento dos Òrìşà

    

     No candomblé Ketu ou Nagô os Òrìşà são designados como divindades servidoras da humanidade. Assim como Olódùmarè criou o Òrun e o Àiyé e todos os habitantes da terra, igualmente criou as divindades e espíritos, afim de servir ao mundo.

     Segundo tradições, alguns seriam divindades primordiais pela convivência com o Ser Supremo nos primórdios dos acontecimentos. Outras são figuras históricas, reis, rainhas, fundadores de cidades que foram divinizados devido a atos relevantes ou ligações fantásticas com os elementos da natureza – a terra, o vento, a caça, rios, mares, ervas, minerais. São geralmente denominados Òrìşà, Irunmalè ou Imalè e Ębọra.

     Outras formas de espíritos são cultuadas por representarem a personificação de forças da natureza ligadas à terra – Onílè; às árvores – Iwin; às florestas - Àrọni; à ancestralidade familiar – Òkú òrun ou Ésà; à personificação dos mortos – Egúngún; ao poder gestador - Ìyámi; e aos poderes influenciadores da vida – Òrò e Elénìnì.

     Os Òrìşà representam a personificação das forças da natureza e dos fenômenos naturais: nascimento e morte, saúde e doença, as chuvas e o orvalho, as arvores e os rios. Representam os quatro elementos : fogo, ar, terra, água e os três estados físicos dos corpos: sólido, líquido e gasoso. Representam ainda os três reinos: mineral, vegetal e animal, além dos princípios, masculino e feminino. Tudo isso representa o poder vital, a energia, a grande força de todas as coisas existentes e que é denominado Àşę.

     Ębọra é outra denominação usada para definir as divindades. Os Òrìşà e os Ębọra são os intermediários entre Olódùmarè e os seres humanos, e recebem por delegação alguns de seus poderes.
Transcrevemos a lenda de Yemọja e a sua confusa explicação sobre o nascimento dos Òrìşá:

 
“Do consorcio de Obatala, O céu, com Oduduwa, a terra, nasceram dois filhos Aganju a terra firme e Yemanjá, as águas. Desposando seu irmão Aganju, Yemanjá deu a luz a Orungan, o Ar, as alturas, o espaço entre a Terra e o céu. Orugan concede incestuoso amor por sua mãe e, aproveitando a ausência paterna, raptou-a e a violou. Aflita e entregue a violento desespero, Yemanjá despreza as infames propostas da continuação as ocultas daquele amor criminoso. Persegue-a Orungan, mas prestes a deitar-lhe a mão, cai morta Yemanjá. Desmensuradamente cresce-lhe o corpo e dos seios monstruosos nascem dois rios que adiante se reúnem, constituindo uma lagoa. Do ventre enorme que se rompe, nascem:


Dádá – deusa dos vegetais

Xango – deus do trovão

Ogun – deus do ferro e da guerra

Olokum – deus do mar

Oloxa – deusa dos lagos

Oyá – deusa do rio Niger

Oxum – deusa do rio Oxun

Obá – deusa do rio Obá

Oko – orixá da agricultura

Oxossi – deus dos caçadores

Okê – deus das montanhas

Ajê-Xaluga – deus da saúde

Xanpannã – deus da variola

Orun – o sol

Oxu – a lua






Ọrun Àiyé – O encontro de dois mundos – José Beniste - 1997

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