Oxóssi
Oxóssi é o deus caçador, senhor da
floresta e de todos os seres que nela habitam, Orixá da fartura e da riqueza.
Actualmente, o culto a Oxóssi está praticamente esquecido em África, mas é
bastante difundido no Brasil, em cuba e em outras partes da América onde a
cultura iorubá prevaleceu. Isso deve-se ao facto de a cidade de Ketu, da qual
era rei, ter sido destruída quase por completo em meados do século XVIII, e os
seus habitantes, muitos deles consagrados a Oxóssi, terem sido vendidos como
escravos no Brasil e nas Antilhas. Esse facto possibilitou o renascimento de
Ketu, não como estado, mas como importante nação religiosa do Candomblé. Oxóssi
é o rei de Ketu, segundo dizem, a origem da dinastia. A Oxóssi são conferidos
os títulos de Alakétu, Rei, Senhor de Ketu, e Oníìlé, o dono da Terra, pois em
África cabia ao caçador descobrir o local ideal para instalar uma aldeia,
tornando-se assim o primeiro ocupante do lugar, com autoridade sobre os futuros
habitantes.
Na história da humanidade, Oxóssi cumpre
um papel civilizador importante, pois na condição de caçador representa as
formas mais arcaicas de sobrevivência humana, a própria busca incessante do
homem por mecanismos que lhe possibilitem sobressair no espaço da natureza e
impor a sua marca no mundo desconhecido. A colecta e a caça são formas
primitivas de busca de alimento, são os domínios de Oxóssi, Orixá que representa
aquilo que há de mais antigo na existência humana: a luta pela sobrevivência.
Oxóssi é o Orixá da fartura e da
alimentação, aquele que aprende a dominar os perigos da mata e vai em busca da
caça para alimentar a tribo. Mais do que isso, Oxóssi representa o domínio da
cultura (entendendo a flecha como utensílio cultural, visto que adquire
significados sociais, mágicos, religiosos) sobre a natureza. Astúcia,
inteligência e cautela são os atributos de Oxóssi, pois, como revela a sua
história, este caçador possui uma única flecha, por tanto, não pode errar a
presa, e jamais erra. Outras histórias relacionadas a Oxóssi apontam-no como
irmão de Ogum. Juntos, eles dominaram a floresta e levaram o homem à evolução.
Além de irmão, Oxóssi é grande amigo de Ogum – dizem até que seria seu filho, e
onde está Ogum deve estar Oxóssi, as suas forças completam-se e, unidos, são
ainda mais imbatíveis. Oxóssi mantém uma estreita ligação com Ossain, com quem
aprendeu o segredo das folhas e os mistérios da floresta.
A história mostra Oxóssi como filho de
Iemanjá, mas a sua verdadeira mãe, segundo o mais antigos, é Apaoká a jaqueira,
que vem a ser uma das Iyá-Mi, por isso a intimidade de Oxóssi com essa árvore.
A rebeldia de Oxóssi é algo latente na sua história. Foi desobedecendo às
interdições que Oxóssi se tornou Orixá.Tal como Xangô, Oxóssi é um Orixá avesso
à morte, porque ele é a expressão da vida. A Oxóssi não importa o quanto se
viva, desde que se viva intensamente. O frio de Ikú (a morte) não passa perto
de Oxóssi, pois ele não acredita na morte.
Características
dos filhos de Oxóssi
Os filhos de Oxóssi são pessoas de
aparência calma, que podem manter a mesma expressão estando alegres ou
aborrecidas, do tipo que não exterioriza as suas emoções, mas não são pessoas
insensíveis, só preferem guardar os sentimentos para si. São pessoas que podem
parecer arrogantes e prepotentes, e às vezes são. Na realidade, os filhos de
Oxóssi são desconfiados, cautelosos, inteligentes e atentos, seleccionam muito
bem as amizades, pois possuem grande dificuldade em confiar nas pessoas. Apesar
de não confiarem, são pessoas altamente confiáveis, das quais não se teme
deslealdade; são incapazes de trair até um inimigo. Magoam-se com pequenas
coisas e quando terminam uma amizade é para sempre.São do tipo que ouve
conselhos com atenção, respeita a opinião de todos, mas fazem sempre o que
querem.
Altos e magros, os filhos de Oxóssi
possuem facilidade de movimentos, mesmo entre obstáculos. O seu andar possui
leveza e elegância. A sua presença é sempre notada, mesmo que não façam nada
para isso acontecer.Os filhos de Oxóssi gostam de solidão, isolam-se, ficam à
espreita, observam atentamente tudo que se passa à sua volta. Curiosos,
percebem as coisas com rapidez, são introvertidos e discretos, vaidosos,
distraídos e prestáveis, comportamento típico de um caçador, provedor do seu
povo.
Dia da semana: Quinta-feira
Cores: Azul-Turquesa
Saudação: Òké Arô! Arô Iê!
Elementos: Terra (Floresta e Campos Cultiváveis)
Domínio: Caça, Agrucultura, Alimentação e Fartura
Instrumento: Ofá (arco), Damatá (flecha), Erukeré
Fonte: candomble.wordpress.com
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