Nação Nagô
Termos étnicos como nagôs, angolas, jejes,
fulas, representavam identidades criadas pelo tráfico de escravo, onde cada
termo continha um leque de tribos escravizadas de cada região.
Nagô - adj. Nome que se dá ao iorubano ou
a todo negro da Costa dos Escravos que falava ou entendia o Ioruba. Migeod (The
Langs, of West Afri. II, 360) assinala que nagô é nome dado, no Daomé, pelos
franceses ao iorubano: do efé anagó.
Os portugueses construíram em 1498 o forte
São Jorge da Mina, ou Feitoria da Mina, ou Mina, no Gana, um posto estratégico
na rota dos europeus ao litoral da África Ocidental, onde os cativos eram
mantidos à espera de transporte para o Novo Mundo.
O tratado de paz de 1657 assinado pela
Rainha Nzinga Mbandi Ngola e a coroa portuguesa através da mediação do Papa
Alexandre, encerrou a guerra no império do Congo e o tráfico escravista europeu
na região.
No que se refere ao Brasil, o tráfico irá
paulatinamente se deslocar em direção a chamadas costa da Mina, onde se
localizava o Império do Daomé e o reino de Ardra, vinculados ao império Oyo -
Ioruba ou Nagô, segundo (Verger) no final do século XVII e início do século
XVIII entre os anos de 1681 a 1710 um grande número de embarcações carregadas
de fumo foram para Costa da Mina e Angola.
O fumo (tabaco) da Bahia era muito
apreciado pelos africanos. Esse fumo que era rejeitado pelos europeus que o
achavam de má qualidade, era destinado aos traficantes de escravos e tornaria
Salvador capital mundial do tráfico de escravos.
Introduzidas no Brasil com a escravidão,
as culturas negras imprimiram, cada uma com suas peculiaridades e em diferentes
graus, marcas profundas em quase toda a extensão da alma e do território
brasileiro. E na Bahia essa presença - que se recria hoje em importantes
instituições como as comunidades terreiro - é devida basicamente à cultura dos
nagôs, que vinda da África Ocidental, foi entre o fim do século XVIII e o fim
do século XIX, das últimas a serem escravizadas no Brasil.
Kètu, Egba, Egbado e Sabé são alguns dos
segmentos nagôs que vieram para a Bahia provenientes da grande área iorubá que
compreende sul e centro da atual República de Benim, ex-Daomé; parte da
República do Togo: e todo sudoeste da Nigéria. E todos eles - com destaque para
os Kètu contribuíram decisivamente para e implantação da cultura nagô naquele
Estado, reconstituindo suas instituições e procurando adaptá-las ao novo meio,
com o máximo de fidelidade aos padrões básicos de origem, fidelidade essa em
parte facilitada pelo intenso comércio que se desenvolveu entre a Bahia e a
costa ocidental da África durante todo o século XIX até os primeiros anos que
se seguirem à Abolição.
Para entender o predomínio da etnia
yorubá-nagô na Bahia é necessário recordar que, nas últimas décadas do tráfico
negreiro, um enorme contingente de escravos dessa região foi trazido para
Salvador. Nesse momento, os núcleos familiares também não foram tão
desmembrados como no início da escravatura, permitindo uma maior manutenção da
cultura e dos costumes.
Nos dizeres de Edson Carneiro, no clássico
“Candomblés da Bahia”: "Os nagôs logo se constituíram numa espécie de
elite e não encontraram dificuldade de impor à massa escrava a sua
religião". E complementa: "Quanto aos negros muçulmanos (malês), uma
minoria entre as minorias, que poderiam ser êmulos(rivais) dos nagôs, pelo seu
sectarismo, afastavam não só os escravos como toda a sociedade branca". A
própria Mãe Aninha Obá Biyi era filha de um casal de africanos da etnia grunci,
os negros Aniyó e Azambiyó, mas fora iniciada no candomblé pelos nagôs da Casa
Branca-Engenho Velho. A presença de Xangô, seu orixá, solidificou ainda mais as
tradições iorubás em sua trajetória.
Comentários
Este livro é uma tentativa de contribuir para o conhecimento e informação sobre aspectos da História da África e dos afrodescendentes no Brasil. Desta forma, procuramos enfocar, com uma proposta pedagógica diferenciada, a vida e liderança da rainha africana Nzinga Mbandi nos reinos de Ndongo e Matamba, nos anos de 1623 a 1663.
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